Editorial
DOI:
https://doi.org/10.7784/rbtur.v3i2.181Resumo
O segundo número do ano e 2009 da RBTur apresenta quatro artigos, uma crônica de evento e uma resenha de livro.
Como já acontecido em edições anteriores, apresenta-se o turismo analisado a partir de diferentes referenciais teóricos, tais como a sociologia, a psicologia social, a antropologia, a geografia, a ecologia e a gestão –especialmente o planejamento - mostrando a diversidade de abordagens que este fenômeno social comporta.
Estão contemplados nos artigos, vários atores sociais: o Estado, que oferece o ordenamento jurídico administrativo do turismo, o setor da empresa privada, normalmente encarregado de construir a infra-estrutura de atendimento ao turista e prestar os serviços correspondentes, os turistas enquanto seres portadores de individualidade dentro de um fazer coletivo, e, embora parcialmente, a população local.
O papel do Estado na organização do turismo em geral aparece no relato de experiência assinado por Sagi, Ruschmann e Ramos, que mostra como um bom programa de planejamento pode resultar em muitos benefícios para a gestão do turismo em geral e também para o fortalecimento institucional dos gestores. Este documento detalha cuidadosamente todas as etapas realizadas pelos planejadores, constituindo um valiosíssimo instrumento para projetos futuros.
O artigo de Hocayen-da-Silva e Teixeira analisa a visão empresarial dos estabelecimentos hoteleiros da cidade de Curitiba, capital do estado do Paraná, a partir de dois estudos de caso. Partindo de teorias e paradigmas da gestão organizacional, os pesquisadores constatam que não há alianças estratégicas entre os locais e as grandes cadeias nacionais e internacionais, concluindo que este fato dificulta a obtenção de vantagens competitivas sustentáveis.
Delphino traz a tona os problemas que sofre o patrimônio, tanto o natural quanto o cultural, numa cidade litorânea do estado de São Paulo. O turismo é tratado aqui dentro de um contexto mais amplo, como um dos elementos de pressão, juntamente com o porto e a refinaria de petróleo e para tal o autor utiliza o método etnográfico em campo, e referencial teórico da administração (planejamento) da geografia (em especial da ecologia), da antropologia e do urbanismo, única forma de entender as complexas relações que se tecem num espaço onde também parte da população local tem apenas interesses especulativos.
Interessante perceber que, dependendo do olhar do leitor, pode-se interpretar que não é o turismo e sim a falta de turismo no centro histórico da cidade, que tem levado ao aumento da especulação do solo no local.
O artigo de Melo sai do âmbito do que John Tribe denominou saber proposicional, a que apontam os trabalhos anteriormente citados, com a intenção expressa de contribuir para o que o mesmo autor denominou de saber processual. Assim, o pesquisador estuda os complexos processos psico-sociais que envolvem a construção do “olhar do turista”, ou seja, o olhar de quem está em situação de “ser turista”; alguém que traz como bagagem todo seu quotidiano e suas motivações não raro contraditórias e que, ao mesmo tempo, embora praticando um ato individual, está praticando um ato social ao qual é compelido - muitas vezes sem saber - pelas exigências da sociedade de consumo.
Figueiredo, Pereira e Almeida oportunizam uma grata leitura, com a crônica de um evento de altíssimo nível que teve lugar na cidade de Belém, estado do Pará, onde foram apresentados roteiros de turismo arqueológico no Brasil, mostrando outra possibilidade de turismo cultural para públicos diferenciados dentro dos atuais paradigmas da sustentabilidade, da responsabilidade e da procura por visitantes que valorizem a riqueza que o país oferece em termos de cultura.
Finalmente, Rezende nos brinda com uma detalhada resenha sobre o um livro que resulta da experiência acumulada pelo Grupo de Pesquisa Turismo, Território e Cultura, liderado por Luzia Neide Coriolano. No livro apresenta-se um novo modelo de gestão do turismo, assentado nos arranjos produtivos de base local, e na economia solidária, dirigido a turistas conscientes, que querem sair dos circuitos comerciais e conhecer realidades diferentes, resultando em experiências de turismo solidário que possibilitam que o dinheiro trazido pelos turistas efetivamente seja distribuído entre os que mais o necessitam.
Margarita Barretto
Sênia Bastos
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