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DOI:
https://doi.org/10.7784/rbtur.v1i1.76Abstract
O poeta espanhol Antonio machado disse "caminante, ho hay camino, se hace el camino al andar". É andando que estamos fazendo o caminho da Turismologia no Brasil, e é com muito orgulho que, como parte deste andar entregamos ao público o primeiro número da Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, iniciativa da ANPTUR - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo. Esta revista pretende ser uma contribuição significativa para o processo de cientifização crescente dos estudos de Turismo que se observa no país e no mundo, abrindo espaço para difundir os resultados das pesquisas realizadas a partir dos olhares multidisciplinares na expectativa de chegar à desejada transdisciplinaridade que o Turismo, enquanto fenômeno social total que é, demanda para sua compreensão. Muitas são as afirmações realizadas a respeito do Turismo e seus efeitos na sociedade, mas poucas são as pesquisas que comprovam os mesmos. Os economistas afirmam que o Turismo gera muitos empregos e que tem um grande efeito multiplicador. Precisamos, no entanto, pesquisar quais são os tipos de empregos gerados e qual o alcance deste efeito multiplicador, quais as implicações da evasão de impostos e qual a relação desta última com a história social dos países. Também há poucas pesquisas sobre os efeitos do Turismo nas formas tradicionais de produção. Do ponto de vista sociológico e antropológico, é preciso aprofundar em pesquisas incipinetes já realizadas sobre quais efeitos nas famílias tradicionais do ingresso no mercado de trabalho das mulheres. É preciso relacionar Turismo com questões de gênero e identidade. Também é necessário estudar a influência com questões como etnia e nacionalidade na empregabilidade no setor, assim como a relação entre Migralção e Turismo e a cada vez mais frequente transformação de imigrantes em turistas e vice versa. Muitos têm sido os estudos realizados no passado sobre os processos de aculturação supostamente provocados pelo Turismo. É preciso, no entanto, verificar a relação da aculturação coma história social e a auto-estima dos povos. Na década de 1980 os defensores da chamada plataforma da conciliação propuseram novas formas de Turismo, que permitissem a convivência dos visitantes com os visitados. No entanto, é preciso ainda avaliart qual a influência dos preconceitos e estereótipos no relacionamento destes, assim como qual o limite da possibilidade de conviv~encia antes que a mes ma se transforme em invasão de privacidade. É necessário estar atento às implicações na área da saúde de novas formas de turismo rural, por exemplo. E, fundamentalmente, verificar qual o limite aceitável da turistificação de espaços e costumes. Sabemos que a resposta a estas questões não é fácil de se obter, porque é muito difícil isolar o turismo de outros fenômenos sociais coadjunvantes que podem ou não ter com ele uma relação causal. Apesar das dificuldades inerentes à pesquisa na área de Turismo temos certeza de que estamos trilhando o caminho, com uma comunidade científica que se esforça por investigar seriamente este objeto, fascinante por sua complexidade e diversidade. O formato eletrônico da Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, conjugado comn a gratuidade, permitirá o acesso livre e irrestrito por parte de todos os interessados, em qualquer parte do mundo, propiciando assim a difusão ampla do conhecimento asem barreiras físicas ou econômicas, o que é missão de uma associação de classe. No primeiro número, apresentamos artigos versando sobre educação, ensino, souvenirs, memória coletiva e museus. O artigo de Ari da Silva Fonseca FIlho apresenta um panorama da educação para o Turismo no ensino básico, concluindo que os programas desenvolvidos formam. ao mesmo tempo, bons turistas e bons anfitriões. A análise dos souvenirs realizada por Bianca Freire-Medeiros e Celso castro permite ver como estes compôem a imagem turística do Rio de Janeiro, observando que muitas vrezes aquilo que para os cariocas pode ser de mau gosto, é comprado entusiasticamente pelos turistas. Ceres Karam Brum analisa o processo de construção da memória coletiva da região das Missões, onde se desenvolvem projetos de turismo religioso, concluindo que há uma relação dialética entre a proposta turística oficial e a postura da população, mas que, no entanto, permite um turismo edificante. Márcia M. Cappellano dos Santos argumenta que, paradoixalmente, o incremento dos estudos científicos em Turismo não tem diso acompanhado de inovações nas propostas didático-pedagógicas. para avançar neste campo, apresenta o resultado de uma experiência bem sucedida para formar professores de Turismo. Como representante do exterior, Tânia Siedlecki Huerta descreve as mudanças acontecidas nos juseus para atender a demanda turística, incorporando novos paradigmas comunicacionais e os conceitos de dialogismo, alteridade e multiculturalidade. Este número apresenta também a resenha de um polêmico livro de Helton Ouriques e a crônica do II Simpósio Internacional de Pesquisa realizado em Misiones, Argentina. Margarita Barreto Sênia Regina Bastos Editoras
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