O turismo é uma dádiva? Uma “etnografia das trocas” e a oferta da experiência “chamada” Turismo de Base Comunitária em Anã/Santarém/Pará
DOI:
https://doi.org/10.7784/rbtur.v13i2.1568Palavras-chave:
Turismo de Base Comunitária, Dádiva, Etnografia da troca.Resumo
Este artigo objetiva mostrar que a experiência de turismo desenvolvida na comunidade de Anã/Santarém/Pará envolve várias relações de troca e reciprocidade, conforme a concepção de Mauss (1925/2017). Para esse autor, a dádiva é ambivalente, pois é simultaneamente, interessada e desinteressada, voluntária e obrigatória. O caráter ambivalente da dádiva foi compreendido pela noção de interesse postulada por Bourdieu (2011). A pesquisa de campo seguiu os pressupostos da pesquisa etnográfica antropológica, e o caminho metodológico foi construído a partir da concepção de Lanna (2000) sobre a “etnografia da troca”. Os dados foram coletados por observação direta e entrevistas, em dois períodos: agosto de 2016 e janeiro de 2017. Destacamos como principais resultados: a observação de cinco relações de troca entre os agentes internos e externos à comunidade de Anã, que envolvem vários tipos de “prestações”, como define Mauss (1925/2017); a interpretação do turismo como uma dádiva em ambientes sociais que ele promova a troca de bens e de sua espiritualidade de forma ambivalente; a constatação de que a comunidade não possui autonomia sobre a gestão do turismo em seu território. Consideramos que a experiência de turismo em Anã não alcançou, ainda, a condição requerida para ser considerada, de fato, de base comunitária.
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