As competências do guia de turismo: um estudo sobre os cursos de formação técnica no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7784/rbtur.v13i3.1536

Palavras-chave:

Guia de Turismo. Formação Técnica. Competências. Brasil.

Resumo

No mundo contemporâneo a formação do profissional Guia de Turismo (GT) precisa ter em conta as mudanças e as adaptações exigidas pelos novos cenários empresariais e educacionais. O objetivo deste artigo foi mapear as competências comtempladas no perfil do egresso de cursos técnicos de GT no Brasil, tendo como pressuposto central do estudo que as competências do GT precisam ser focalizadas em valores para um saber-fazer e um saber-ser. A pesquisa de caráter documental focou na análise da legislação em Educação e em Turismo que rege a oferta dos cursos técnicos de GT no Brasil e nas competências declaradas pelas IEs a partir de seus planos de curso. Fez-se a opção pelo Estudo de Casos Múltiplos com foco em dez Instituições de Ensino que ofertam cursos Técnicos de GT no Brasil, bem como o estudo da legislação, normas e regras pertinentes. Os dados coletados foram conduzidos para uma Análise Textual Discursiva – ATD que permitiu identificar que na grande maioria das IE as competências organizacionais. Quanto às competências do “saber-ser”, ou seja, aquelas voltadas aos aspectos cognitivos, pouco são desenvolvidas. Destacou-se a liderança, a mediação e a interpretação, como expertise nas competências do GT.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Lúcia Olegário Saraiva, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Osório

Mestra e Doutora em Turismo e Hospitalidade pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Graduada em Turismo pela Universidade Luterana do Brasil. Atualmente é Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS).

Francisco Antonio Anjos, Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú (SC)

Doutor em Engenharia e Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Graduado em Geografia pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Professor Titular da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI).

Referências

Abreu, C. V. (2015). O curso técnico em GT na Faculdade Senac Porto Alegre/RS – 2012 (Tese de Doutorado). Escola de Humanidades, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, Porto Alegre, RS, Brasil.

Ap, J. & Wong, K. (2001). Case study on tour guiding: Professionalism, issues and problems. Tourism Man-agement, 22(5), 551–563. https://doi.org/10.1016/S0261-5177(01)00013-9

Algemiro, M. & Rejowski, M. (2015). Formação técnica e superior em turismo e hospitalidade no Rio de Janei-ro. Revista de Turismo Contemporâneo, 3 (2), 318-338.

Black, R. & Weiler, B. (2005). Quality assurance and regulatory mechanisms in the tour guiding industry: A systematic review. Journal of Tourism Studies, 16 (1), 24–37.

Brasil, Ministério do Trabalho. Classificação Brasileira de Ocupações. (2018) Informações gerais. Brasília, Distrito Federal. Recuperado de http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/informacoesGerais.jsf;jsessionid=0toclkGV1Mmyqc8y33jWXx1O.slave18:mte-cbo.

Brasil, V. L. B. (2009). Competências profissionais e organizacionais: um estudo prospectivo entre os anos de 2004 e 2014. Revista de Estudos de Administração. Editora Unijuí. 9 (18), 159-186.

Brasil, V. L. B. (2016). Competências para o Administrador: Um enfoque para o saber ser e o saber fazer. São Paulo: Laços.

Brito, L. M. (2008). O Guia-Intérprete: Mediador Intercultural. Revista Turismo e Desenvolvimento, 10, 67-84.

Brito, L. M. (2011). Informação turística - A arte do guia-intérprete: entre a cultura do turista e do destino. Por-tugal: Chiado Editora.

Brockelman, W. & Dearden, P. (1990). The role of nature trekking in conservation: A case-study in Thailand. Environmental Conservation, 17 (2), 141-148. https://doi.org/10.1017/S037689290003191X

Campos, F. H. & Serpa, E. M. (2010). GT: Viagens técnicas e avaliação. São Paulo: Editora Erica.

Canani, I. S. S. (1999). GT: o mérito da profissão. Revista Turismo e Análise. São Paulo, 10(1), 92-106. https://doi.org/10.11606/issn.1984-4867.v10i1p92-106

Carvalho, P. J. O. (2003). Condução de grupos no turismo. São Paulo: Chronos.

Carvalho, P. J. O. (2005) Formação do Guia de Turismo: Do ensino médio à universidade. In Trigo, L. G. G. (Ed.) Análises regionais e globais do turismo brasileiro (pp. 245-256). São Paulo: Roca.

Ciavatta, M. & Ramos, M. (2012). A Era das Diretrizes: A disputa pelo projeto de educação dos mais pobres. Revista Brasileira de Educação, 17(1), 11-39. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782012000100002

Cisne, R. (2016). Processos entre Ensino, Aprendizagem e Avaliação: Uma Experiência em Curso no Turismo. Revista Rosa dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 8(4), 555-574. http://dx.doi.org/10.18226/21789061.v8i4p555

Chimenti, S. & Tavares, A M. (2007). GT: O profissional e a profissão. São Paulo: SENAC São Paulo.

Cohen, E. (1982). Jungle guides in northern Thailand: The dynamics of a marginal occupational role. Sociologi-cal Review, 30 (2), 234–266. https://doi.org/10.1111/j.1467-954X.1982.tb00756.x

Cruz, Z. L. (2008). Principles and ethics of tour guiding. Update edition. Malina, Phillippines: Rex Bookstore.

De Kadt, E. J. (1979). Tourism: Passport to development? Perspectives on the social and cultural effects of tourism in developing countries. Washington DC; World Bank Group. http://documents.worldbank.org/curated/en/223271468141894689/Tourism-passport-to-development-Perspectives-on-the-social-and-cultural-effects-of-tourism-on-developing-countries .

Brasil (1993a) Lei n.º 8.623, de 28 de janeiro de 1993. Dispõe sobre a profissão de Guia de Turismo. Brasí-lia, Diário Oficial da União. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8623.htm.

Brasil (1993b) Decreto n.º 946, de 1º de outubro de 1993. Regulamenta a Lei nº 8.623, de 28 de janeiro de 1993, que dispõe sobre a profissão de Guia de Turismo. Diário Oficial da União, Brasília, 1º de outubro de 1993 Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D0946.htm.

Brasil (2001) Deliberação Normativa n.º 427, de 04 de outubro de 2001. Adota, para fins de regulamentação dos arts. 4º, 5º e 10, do Decreto n. 946, de 1º de outubro de 1993, os critérios a serem apresentados como subsídio aos órgãos próprios dos sistemas de ensino para apreciação dos planos de curso para educação profissional de nível técnico Guia de Turismo. Recuperado de http://www2.camara.leg.br/legin/marg/delnor/2001/deliberacaonormativa-427-4-outubro-2001-417177-norma-embratur.htm.

Brasil (2012a) Resolução n.º 6, de 20 de setembro de 2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio. Recuperado de http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11663-rceb006-12-pdf&category_slug=setembro-2012-pdf&Itemid=30192.

Brasil (2012b) Resolução CNE/CEB n.º 4, de 6 de junho de 2012. Dispõe sobre alteração na Resolução CNE/CEB nº3/2008, definindo a nova versão do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos de Nível Médio. Brasí-lia, Diário Oficial da União de 08/06/2012 (nº 110, Seção 1, pág. 13). Recuperado de http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=10941-rceb004-12&category_slug=maio-2012-pdf&Itemid=30192.

Brasil (2014a) Portaria n.º 27, de 30 de janeiro de 2014. Estabelece requisitos e critérios para o exercício da atividade de Guia de Turismo e dá outras providências. Brasília, Diário Oficial da União, 30 de janeiro de 2014. Recuperado de http://www.turismo.gov.br/legislacao/?p=117.

Brasil (2014b) Resolução CNE/CEB n.º 1, de 5 de dezembro de 2014. Atualiza e define novos critérios para a composição do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, disciplinando e orientando os sistemas de ensino e as instituições públicas e privadas de Educação Profissional e Tecnológica quanto à oferta de cursos técnicos de nível médio em caráter experimental, observando o disposto no art. 81 da Lei nº 9.394/96 (LDB) e nos ter-mos do art. 19 da Resolução CNE/CEB nº 6/2012. Brasília, Câmara dos Deputados. Recuperado de http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16705-res1-2014-cne-ceb-05122014&category_slug=dezembro-2014-pdf&Itemid=30192.

Brasil (2015) Portaria n.º 58, de 15 de abril de 2015. Dá nova redação ao inciso V do art. 9º da Portaria nº 27, de 30 de janeiro de 2014, que estabelece requisitos e critérios para o exercício da atividade de Guia de Turismo. Brasília, Diário Oficial da União, 16 de abril de 2015. Recuperado de https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=283335.

Dooley, L. (2002). Case Study Research and Theory Bulding. Advances. Developing Human Resources, 4(3), 335-354. https://doi.org/10.1177/1523422302043007

Dutra, J. S. (2004). Competências: Conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas na empresa moderna. São Paulo: Atlas.

Fleury, A. & Fleury, M. T. L. (2001). Construindo o conceito de competência. Revista de Administração Con-temporânea - RAC, 5(Edição Especial), 183-196. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552001000500010

Gesser, V. (2013). Currículo e novas tecnologias no ensino superior: avanços, desdobramentos, implicações e limites. In Ruschmann, D. M. & Tomelin, C. A. (Orgs.) Turismo, ensino e práticas interdisciplinares (pp. 161-172). Barueri, SP: Manole.

Gil, A. C. (2010). Como elaborar projetos de pesquisa. (5a ed). São Paulo: Atlas.

Hintze, H. (2007). GT: Formação e perfil profissional. São Paulo: Roca, 2007.

Holloway, J. C. (1981). The guided tour: a sociologiacal approach. Annals of Tourism Research, 8 (3), 377-402. https://doi.org/10.1016/0160-7383(81)90005-0

Hughes, J. (1994). Antarctic historic sites: The tourism implications. Annals of Tourism Research, 12 (2), 281–294. https://doi.org/10.1016/0160-7383(94)90045-0

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. (2015). Micro dados Censo Escolar. Recuperado de http://portal.inep.gov.br/basica-levantamentos- acessar&gt.

Kozow, L. (2015). Narrativas pessoais: Uma proposta do ensino da produção escrita em espanhol (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Alagoas – UFAL, Maceió, AL, Brasil.

Leme, F. B. M. (2015). Guias de turismo de Salvador: olhares sobre a profissão e reflexões sobre o papel do guia como sujeito na cidade. Cultur - Revista de Cultura e Turismo, 4(2), 19 - 37.

Lohmann, J. B.; Julião, D. P.; Farias, J. M. S.; Silva, T. C. & Freitas, F. C. (2009). A influência das leis trabalhistas brasileiras na relação capital/trabalho dos guias de turismo. Observatório de Inovação do Turismo - Revista Acadêmica, v. 4 (3). Recuperado de http://dx.doi.org/10.12660/oit.v4n3.5750.

Mason, P. A. & Christie, M. F. (2003). Tour guides as critically reflective practitioners: A proposed training mod-el. Tourism Recreation Research, 28(1), 23–33. https://doi.org/10.1080/02508281.2003.11081383

Meira, C. M.; Kusano, E. S. & Hintze, H. C. (2018). Apontamentos históricos sobre a profissão do guia de tu-rismo. Revista de Turismo Contemporâneo, 6(1), 1-19. Recuperado de http://orcid.org/0000-0002-5988-9559.

Miles, M. B. & Huberman, A. M. (1994). Qualitative Data Analysis: An Expanded Sourcebook. (2nd ed). Thou-sand Oaks, CA: Sage Publications.

Montes, V. A. (2013). Saberes profissionais do GT: Passeios turísticos em perspectiva etnográfica (Tese de Doutorado). Universidade Federal da Bahia – UFBA, Salvador, BA, Brasil.

Moraes, R. & Galiazzi, M. C. (2016). Análise textual discursiva. (3a ed. rev. e ampl). Ijuí: Editora Unijuí.

Nascimento, A. O., Silva, L. F. & Grechi, D. C. (2014). A atuação do GT em Mato Grosso do Sul: diagnóstico, aspectos conceituais e perspectivas para o segmento. Revista Hospitalidade, 11(1), 23-44.

Oliveira, J. M. C., & Cymbron, J. (1994). Ser guia intérprete em Portugal. Portugal: Edição Instituto Superior Novas Profissões.

Panzini, R.; Braga, D. C. & Gândara, J. M. G. (2017). A importância do guia de turismo na experiência turística: da teoria à prática das agências de receptivo de Curitiba - PR. Caderno Virtual do Turismo, 17(2), 162-182. http://dx.doi.org/10.18472/cvt.17n2.2017.1269

Pastorelli, J. (2003). Enriching the experience: An interpretive approach to tour guiding. Frenchs Forest: Aus-tralia: Pearson Education Australia.

Perrenout, P. (1999). Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artes Médicas Sul.

Picazo, C. (1996). Asistencia y guia a grupos turísticos. Madrid: Síntesis.

Pires, P. S. (2005). Entendendo o ecoturismo. In Trigo, L. G. G. (Ed). Análises regionais e globais do turismo brasileiro (pp. 483-494). São Paulo: Roca.

Pond, K. L. (1993). The Professional Guide: dynamics of tour guiding. New York: Van Nostrand Reinhold.

Raposo, A. (2004). Turismo no Brasil: Um guia para o guia. São Paulo: Ed. Senac Nacional.

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. (2013). Metodologia SENAI de educação profissional. SENAI. Recuperado de https://www.oitcinterfor.org/sites/default/files/file_publicacion/MSEP_Documento.pdf.

Sonninen, P. O. (2013). Tour Guide Competencies and Training Needs Focus on the tour guides of Arctic Ad-ventures (Thesis for the Degree) Master of Science, Faculty of Business School of Social Sciences, University of Iceland – UI, Reykjavík, Islândia.

Sulzer, E. (2004). Objetivar as competências de interação: crítica social do saber-ser. In Tomasi, A. (Org). Da qualificação à competência: Pensando o século XXI (pp. 93-105). Campinas: Papirus.

Swarbrooke, J. (1999). Sustainable tourism management. Wallingford: UK. https://doi.org/10.1079/9780851993140.0000

Tsaur, S. H. & Teng, H. Y. (2017). Exploring tour guiding styles: The perspective of tour leader roles. Tourism Management, 59(1), 438–448. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2016.09.005

Weiler, B. (1999). Assessing the interpretation competencies of ecotour guides. Journal of Interpretation Re-search, 4(1), 80–83. https://eric.ed.gov/?id=EJ625411

Weiler, B. (2016). The contribution of Australia-based researchers to tour guiding. Journal of Hospitality and Tourism Management, 26(1), 100-109. http://dx.doi.org/10.1016/j.jhtm.2016.01.002

Weiler, B. & Black, R. (2003). Nature, heritage and interpretive guide training. In Weiler, B. & Black, R. (Eds). Interpreting the Land Down Under: Australian Heritage Interpretation and Tour Guiding (pp. 21–40). Golden, CO: Fulcrum Publishing.

Weiler, B., & Black, R. (2015). Tour Guiding Research: Insights, Issues and Implications. Bristol, Bufalo, Toron-to: Channel View Publications.

Weiler, B. & Davis, D. (1993). An exploratory investigation into the roles of the nature-based tour leader. Tour-ism Management, 14 (2), 91–98. https://doi.org/10.1016/0261-5177(93)90041-I.

Weiler, B. & Ham, S. (2001). Tour Guides and interpretation. In: Weaver, D. B. The Encyclopedia of Ecotourism (pp. 549-564). Wallingford: CAB Internactional. https://doi.org/10.1079/9780851993683.0549

Wittorski, R. (2004). Da fabricação das competências. In Tomasi, A. (Org.). Da qualificação à competência: Pensando o século XXI (pp. 75-92). Campinas: Papirus.

Wong, J. Y. & Lee, W. H. (2012). Leadership through service: An exploratory study of the leadership styles of tour leaders. Tourism Management, 33 (5), 1112–1121. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2011.11.022

Yin, R. K. (2015). Estudo de caso: Planejamento e métodos (2a ed.). Porto Alegre: Bookman.

Zagarra, L. C.; Sandoval, E. C. & Molina, V. M. (2010). Las Competencias de los Guías de Turistas como ventaja competitiva en el sector Turista: Caso Cancún Quintana Roo. Revista Internacional Administracion & Finanzas, 3(3), 11-24.

Zettermann, G. D. & Vergara, L. G. L. (2017). O Guia de Turismo: uma abordagem legal sobre uma profissão no Brasil. Revista Turismo - Visão e Ação, 19 (1), 185-215. https://doi.org/10.14210/rtva.v19n1.p185-215.

Publicado

2019-08-07

Como Citar

Saraiva, A. L. O., & Anjos, F. A. (2019). As competências do guia de turismo: um estudo sobre os cursos de formação técnica no Brasil. Revista Brasileira De Pesquisa Em Turismo, 13(3), 36–54. https://doi.org/10.7784/rbtur.v13i3.1536